Da peste negra à gripe de 1918, as pandemias do passado mostram por que os grupos marginalizados sempre foram os mais vulneráveis.
Este artigo faz parte da série #IMSquarentena, que reúne ensaios do acervo, colaborações inéditas e uma seleção de textos que ajudem a refletir sobre o mundo em tempos de pandemia.
Quando voltarmos a vagar livremente pelos museus, os objetos não terão se alterado, mas nós sim – e as vítimas do coronavírus nos acompanharão como fantasmas.
Michael Ignatieff parte da autobiografia de Raphel Lemkin para mostrar como um dos heróis secretos do século 20 assemelhava-se a um dos “artistas da fome” de Kafka, “criaturas comoventes e autopunitivas que se apartam do mundo, depredados por uma culpa que não conseguem nomear, que fazem do sofrimento sua razão de viver”.
As estátuas dos dominadores, que não estão apenas nas praças, já começam a cair nas narrativas descolonizadoras de escritoras negras.
Distância física e harmonia comunitária e social
Diante de uma situação sem precedentes, é hora de inverter princípios naturalizados e fazer com que a economia sirva antes à sociedade do que ao capitalismo.
Ao empunhar a cabeça de um porco, manifestante de Minneapolis atualiza o simbolismo do animal como encarnação do inimigo, redistribuindo a violência na disputa das imagens e narrativas visuais
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A quarentena interminável do racismo
Com o isolamento social a população branca dos EUA experimenta, de forma transitória, a política que o país perpetua em relação aos cidadãos negros
Este texto faz parte da série #IMSquarentena, que reúne ensaios do acervo, colaborações inéditas e uma seleção de textos que ajudem a refletir sobre o mundo em tempos de pandemia
A convicção de que armar a população civil simplesmente atende a interesses de dominação política e social é apenas parte de um dos problemas fundamentais do Brasil de hoje, argumenta Luiz Eduardo Soares num ensaio curto e inquietante publicado na serrote #33. Para o cientista social e antropólogo, especializado em segurança pública, a disseminação de armas desfavorece todas as forças da sociedade, sem exceção.
Links da quarentena: A era da tela dividida e a arquitetura pós-pandemia
Toda sexta-feira, a serrote indica uma seleção de links sobre o mundo em tempos de pandemia.
A galeria vazia
De Monet ao coronavírus, os museus são um alvo histórico de ataques que, lembra a crítica de arte do jornal El País, botam em questão sua legitimidade e seu sentido.
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Nos momentos em que a democracia está sob ataque, um escritor que se cala corre o risco, nada desprezível, de se tornar cúmplice do autoritarismo.
Estamos todos juntos nisso?
Um dos raros efeitos positivos da pandemia é embaralhar a forma pela qual avaliamos os papéis econômicos e sociais de cada pessoa
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Expostas em trabalhos essenciais e mal remunerados, sobrecarregadas por atividades domésticas e ainda mais sujeitas à violência masculina, as mulheres tem suas vulnerabilidades históricas ampliadas pela quarentena.
A chave de compreensão de Limite, de Mario Peixoto, está menos na decifração “do que não existe” do que na “forma” e “sentido” de suas imagens, “uma reiteração dos signos de limitação humana”.
Professor de filosofia na PUC-Rio, Rodrigo Nunes discute no vídeo abaixo o impacto da pandemia de covid-19 na política brasileira
Por que, afinal, um povo submete-se a um tirano? A questão, de triste atualidade, é um leitmotiv da História, de seus momentos mais sinistros, e teve em William Shakespeare um de seus mais finos formuladores. A hipótese é de Stephen Greenblatt em “O tirano segundo Shakespeare”, publicado na serrote #31, em março de 2019.
Em tempos de medo e isolamento, estamos aprendendo que mudanças profundas e positivas são possíveis, diz a escritora americana Rebecca Solnit neste ensaio. Uma das principais vozes do feminismo contemporâneo, ela critica a reação dos líderes de países como Brasil e EUA à pandemia de covid-19. E defende que o caminho para construir o futuro está nos gestos de solidariedade e de defesa dos direitos essenciais observados ao redor do mundo.
O historiador inglês analisa em paralelo os movimentos que levaram à criação da União Soviética e à República Popular da China. Para ele, o exame das matrizes ideológicas combinadas com as políticas de Estado ajudam a contextualizar a derrocada de uma e a prosperidade da outra.
Nas aldeias, a covid-19 devasta os corpos e destrói toda uma concepção de mundo, replicando a violência da ação predatória dos invasores.
Há nove anos o sociólogo Richard Sennett advertia que “em meio a eventos traumáticos, como uma guerra civil” é impossível realizar um movimento fundamental para sustentar os valores humanistas: tomar distância do imediato para refletir sobre o papel daquela experiência na narrativa de sua própria vida. Nos imprevisíveis tempos de covid, esta narrativa é a primeira a ser fraturada. E sua fragilidade pode abalar alguns dos princípios fundamentais da vida em sociedade.
No início de março, a escritora peruana Gabriela Wiener, radicada em Madri, viu o marido de 45 anos adoecer com suspeita de coronavírus, logo confirmada. Desde então, sua rotina foi engolfada pela incerteza e o desespero de quem vive de perto a pandemia.
Tendo nascido em movimentos de esquerda como comentário irônico a autocrítico, o “politicamente correto” foi cooptado pela direita e de alguma forma abriu caminho governos populistas e antidemocráticos em todo o mundo.
O combate ao fascismo hoje começa pela capacidade de reconhecê-lo, como ensina a dura experiência da Europa no período entre as duas guerras mundiais.