Carta do editor

Celebrar a vitória da democracia nas eleições de 2022 não implica se contentar apenas com a mudança que ela sem dúvida representa. Jornalista e coordenador do Perifa Connection, Jefferson Barbosa propôs que três intelectuais refletissem, no conjunto de ensaios que abre esta edição, sobre alguns dos pontos cegos da representatividade no Brasil de 2023. ¶ A urgência própria desse tipo de intervenção tem seu complemento na longa e meditada análise de Achille Mbembe sobre a persistência, na vida contemporânea, de um “espírito de violência” que nasce com a colonização. ¶ As relações entre autobiografia e ensaio são discutidas por Felipe Charbel numa revisão crítica do que de melhor se tem escrito sobre o tema, discussão também presente na homenagem de Kelvin Falcão Klein ao poeta Hans Magnus Enzensberger, morto em novembro do ano passado. ¶ As obras de Monet e Jeff Koons, os antepassados africanos de Púchkin e a ética de luta de Carlos Marighella também são discutidos nesta que é a primeira serrote depois da devolução da extrema direita ao limbo onde deve permanecer.

Paulo Roberto Pires