A serrote anuncia os nomes dos vencedores do 2º prêmio de ensaísmo serrote, lançado em março deste ano. Foram enviados 131 textos para concorrer ao prêmio. O ensaio Noções de liberdade no vão livre do MASP, do arquiteto Francesco Perrotta-Bosch, ficou com o primeiro lugar e será publicado na serrote #15, em novembro. O segundo lugar ficou com o pesquisador André Antônio Barbosa, autor do texto As potências estéticas da nostalgia, e o terceiro, com a portuguesa Ana Djaimilia dos Santos Pereira de Almeida, que escreveu Saudades de casa. Estes dois últimos textos serão publicados em edições subsequentes ou no site do IMS
O concurso teve como objetivo incentivar a produção ensaística em língua portuguesa e buscar interlocução com novos ensaístas. Os trabalhos foram avaliados por uma comissão julgadora composta por Paulo Roberto Pires, Flávio Pinheiro, Flávio Moura, Samuel Titan Jr. e Francisco Bosco. Os três primeiros colocados receberão, respectivamente, R$ 5 mil, R$ 3 mil e R$ 2 mil.
Mais informações sobre os textos vencedores:
1º lugar: em Noções de liberdade no vão livre do MASP, Francesco Perrotta-Bosch relaciona a obra 4’33”, de John Cage, com o museu de Lina Bo Bardi. Se na composição silenciosa de três movimentos o ouvinte é levado a prestar atenção aos sons do ambiente, no vão livre do MASP o observador está diante de uma arquitetura que não tem utilidade clara, definida. Por isso, é “um lugar privilegiado para a percepção da vida, da coletividade, da metrópole paulistana, do mundo”.
2º lugar: André Antônio Barbosa, em As potências estéticas da nostalgia, define a palavra “nostalgia” não como um desejo de fazer com que o passado retorne ao presente, e sim como uma recusa radical do presente. O autor compara o conceito de “nostalgia” ao de “melancolia” ao analisar que “o nostálgico não quer mudar o presente para que ele fique igual ao passado, mas se perder nesse passado como em um sonho – no limite, nunca mais voltar.”
3º lugar: para Ana Djaimilia Almeida, no texto Saudades de casa, o estrangeiro pode devolver ao viajante uma imagem de si que não lhe é familiar. Estar num lugar estranho, diante do olhar indiferente dos outros, é uma experiência que muitas vezes ensina coisas sobre a própria casa. Ao comentar o fragmento A position at the University, de Lydia Davis, Ana aponta que, mais do que a maneira como nos vemos, a posição que ocupamos está atrelada ao modo como os outros nos veem.