Carta do editor
serrote, 10
A serrote comemora seu décimo número com um Alfabeto especialmente preparado para esta edição, que também traz um ensaio visual exclusivo de Waltercio Caldas. Um e outro dão testemunho de que, para pensar, basta pensar – sem pompa, com humor e, no caso de Ficção nas coisas, criado pelo artista carioca, até mesmo usando imagens e raras palavras.¶ Vencedor do Prêmio de Ensaísmo serrote, Luciano Gatti analisa em seu texto a complexidade de W.G. Sebald, também autor na revista de uma enigmática série de textos associados a gravuras de Jan Peter Tripp.¶ Se Sebald teve a glória duvidosa da consagração póstuma, John Updike foi enterrado em vida por críticos posudos e escritores modernosos, aponta Lee Siegel, um analista ácido do universo onde desponta um talento como Miranda July, escritora, artista e cineasta aqui presente nas entrevistas que fez para seu novo e indefinível livro.¶ Alguém falaria em um mundo afterpop? É esse o termo que o catalão Eloy Fernández Porta, premiado crítico cultural, usa para definir as complexas relações entre arte e literatura e cultura de massa.¶ Que os próximos dez números mantenham a diversidade e a liberdade de um gênero que, como define Jean Starobinski, traz “a abundância de uma energia alegre que jamais se esgota em seu jogo”.
Paulo Roberto Pires