Carta do editor

“Mente livre quando brinca”

Cento e oitenta e sete textos concorreram ao Prêmio de Ensaísmo serrote, número expressivo o suficiente para atestar o sucesso da iniciativa e, também, mudar nossos planos de incluir o vencedor neste número 9, dado o doce congestionamento da reta final das inscrições com o fechamento da revista. Nas páginas 30 31, revelamos os três primeiros colocados e os títulos dos ensaios, que serão publicados na próxima edição e no site da revista.¶ Literatura, cinema, arte e filosofia estavam entre os temas de um universo variado que tem como denominador comum o “movimento de uma mente livre quando brinca”, bela e precisa ideia de ensaio defendida por Cynthia Ozick na abertura deste número. Introdução perfeita para um clássico do gênero, “Sobre o prazer de odiar”, que William Hazlitt escreveu em 1826 e levou  todo esse tempo para ser traduzido no Brasil. ¶ Se a prosa do polemista inglês protege o Homem da obviedade, a da argentina Sylvia Molloy o resguarda da dor. Em “Desarticulações”, a ensaísta argentina radicada nos eua dá grande forma ao ensaio pessoal ao escapar do sentimentalismo e da complacência para retratar a ex-companheira progressivamente tomada pelo Alzheimer. ¶ A serrote traz ainda a contribuição fundamental de Boris Groys, crítico alemão que lê com originalidade pontos decisivos da arte contemporânea, um meio de referências cambiantes do qual Bernardo Carvalho dá vivo testemunho em seu relato exclusivo de um ateliê interdisciplinar proposto pelo dinamarquês Olafur Eliasson em Berlim.¶ Encerrando a edição, três narrativas comoventes de escritores frente a frente com Paris pela primeira vez na vida. Em cartas, William Faulkner, Paulo Mendes Campos e Julio Cortázar descobrem de formas diversas o fascínio que a cidade exerce sobre escritores.

Paulo Roberto Pires