No Rio de Janeiro e São Paulo, haverá lançamento nos dias 9 e 21 de novembro, respectivamente, com leitura do texto “Desarticulações”, da argentina Sylvia Molloy, pela atriz Regina Braga

A serrote, revista de ensaios do Instituto Moreira Salles, chega à sua nona edição com a publicação dos nomes dos vencedores do prêmio de ensaísmo serrote, lançado em março deste ano. Foram enviados 187 textos para concorrer ao prêmio. O ensaio “Os duplos de Sebald”, de Luciano Ferreira Gatti, ficou com o primeiro lugar e será publicado na serrote #10, em março. O segundo lugar ficou com Rodrigo Guimarães Nunes, autor do texto “Terra em transe, cinema e política: 45 anos”, e o terceiro, com Carlos Alberto Shimote Martins, que escreveu “Uma viagem para a China”.

Nos dias 9 (quarta-feira) e 21 (segunda-feira) de novembro, às 20h, a serrote #9 terá lançamento no IMS-RJ e no IMS-SP, respectivamente, com a participação da atriz Regina Braga, que fará a leitura de um ensaio pessoal da argentina Sylvia Molloy. No texto “Desarticulações”, a ensaísta argentina radicada nos EUA escapa do sentimentalismo e da complacência ao descrever a progressão do Alzheimer de sua ex-companheira. Imagens das intervenções físicas que o americano Gordon Matta-Clark (1943-1978) fez em prédios, casas e galpões, na década de 1970, acompanham o ensaio.

A capa da revista quadrimestral do IMS é do ilustrador Edward Gorey (1925-2000), que em 1964 publicou o livro só de desenhos A ala oeste (na íntegra nesta edição da serrote). São 32 páginas de trabalhos unidos pelo mistério que cerca pequenos eventos que acontecem em um mesmo cômodo. Discreto e recluso, Gorey desenhou e escreveu mais de 100 livros, com influência direta – e declarada – em artistas como Tim Burton e Neil Gaiman.

A nona edição da serrote também publica a aula que a americana Cynthia Ozick dá sobre o gênero em “Retrato do ensaio como corpo de mulher”. Entre outros grandes ensaístas, Cynthia cita o inglês William Hazlitt (1778-1830), autor do texto “Sobre o prazer de odiar”, também publicado nesta serrote. É a primeira vez que o texto de 1826 é traduzido para o português. Hazlitt defende que, sem algo para odiar, o ser humano perderia o ímpeto e a vida se tornaria uma poça estagnada. Desenhos de Jean-Jacques Lequeu (1757-1826), publicados entre 1777 e 1824, acompanham o texto de Hazlitt.

O escritor brasileiro Bernardo Carvalho faz um relato exclusivo sobre o ateliê interdisciplinar proposto por Olafur Eliasson em Berlim, onde o artista dinamarquês discute o mundo sob uma óptica benevolente e comunitária. “Olafur fala de valores. É isso que estará em jogo durante todo o encontro, nem arte nem ciência, mas valores.” Foram publicadas, junto com o texto, imagens das famosas bicicletas com rodas de espelho criadas por Eliasson e distribuídas por Berlim (e por São Paulo em outubro deste ano).

O crítico alemão Boris Groys lê com originalidade pontos decisivos da arte contemporânea. Para ele, “a atividade artística é agora algo que o artista compartilha com o público no nível mais comum da experiência cotidiana. O artista agora compartilha a arte com o público, assim como outrora compartilhava a religião ou a política. Ser um artista já deixou de ser um destino exclusivo, tornando-se ao contrário uma prática cotidiana”. Ilustram as palavras de Groys obras do artista que influenciou os rumos da arte contemporânea, Felix Gonzalez-Torres (1957-1996).

Na serrote #9, a escritora e jornalista Carla Rodrigues escreve sobre a dificuldade em nomear com segurança o capitalismo que vivemos, o que diz muito sobre uma época que finge não saber do mal que sofre. Recortes da obra Money is no object – 12 longos papiros que reúnem notas e recibos das despesas de 2010 do artista David Shapiro – acompanham o texto.

Três narrativas comoventes de escritores frente a frente com Paris pela primeira vez na vida estão na nona edição da revista: cartas de William Faulkner (1897-1962), Paulo Mendes Campos (1922-1991) e Julio Cortázar (1914-1984), que descobrem de formas diversas o fascínio que a cidade exerce sobre os escritores.

Dorrit Harazim descreve como Ryszard Kapúsciński (1932-2007) criou um mundo próprio ao retratar o fim da dinastia Pahlevi do Irã. O ensaio, publicado na serrote #9, será o posfácio da edição de O xá dos xás, que a Companhia das Letras lançará no primeiro semestre de 2012.

No Alfabeto serrote, Svetlana Boym, romancista e professora do Departamento de Literatura Comparada de Harvard, desbrava a palavra nostalgia.

O francês Jean Cayrol (1911-2005) foi poeta e romancista e teve sua carreira marcada pela experiência no campo de concentração de Mauthasen-Gusen, na Áustria, para onde foi deportado em 1943 por suas atividades na Resistência. “Noite e neblina”, publicado nesta edição da serrote, foi escrito especialmente para narrar o documentário homônimo que Alain Resnais realizou em 1955 e lançou no ano seguinte, com grande polêmica, por mostrar policiais franceses em suposta colaboração com as forças de ocupação alemãs.

Em “Zelda”, Elizabeth Hardwick escreve sobre a mulher de F. Scott Fitzgerald, a escritora que, vivendo na sombra do marido, conviveu com o desesperado impulso criativo dos que nem sequer têm uma arte. serrote publica ainda um encarte com bonecas de papel desenhadas e confeccionadas por Zelda Fitzgerald (1900-1948).

Na seção “Quadro a quadro”, na qual um especialista comenta uma obra do acervo IMS, o crítico de arte Ronaldo Brito escreve sobre o homem que habita Chuva, xilogravura colorida sobre papel japonês feita por Oswaldo Goeldi (1895-1961) em 1957.

O arquiteto holandês Rem Koolhaas escreve sobre a ideia do espaço-lixo, resíduo da modernização, que entre escadas rolantes e ambientes refrigerados nos lança numa era pós-existencial.

serrote #9, 240 páginas, R$ 32,50

LANÇAMENTO DA REVISTA SERROTE #9

Dia 9/11: Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Tel.: (21) 3284-7400/3206-2500

Dia 21/11: Instituto Moreira Salles – São Paulo
Rua Piauí, 844, 1° andar, Higienópolis.
Tel.: (11) 3825-2560